domingo, 18 de septiembre de 2016

Kanata wenjausu - A origem da noite

Havia dois pajés: um, o mais velho, era mais sábio e se chamava Waninjalosu; o outro, o mais novo, chamado Sanerakisu, era um pouco atrapalhado. O mais sábio era o dono e cuidava de duas cabaças, waixusu, onde ficavan guardados a noite e o dia. Ele controlava a abertura das cabaças, mas a cabaça da noite controlava mais, para que o dia surgisse mais longo que a noite.
Certa vez, Waninjalosu foi á casa de Sanerakisu e disse:
-Eu vou passar um tempo no campo e quero que você cuide das duas waixusu.
A cabaça do dia você pode destampar e deixar aberta, mais a da noite abra só um pouquinho. Tome cuidado para que a noite não escape.
Sanerakisu se confundiu e trocou as waixusu de lugar. [...]
Então, destampou totalmente uma das waixusu e... o mundo escureceu!
Na mesma hora ele tampou a cabaça outra vez mas de nada adiantou: estava tudo escuro, não existia mais dia, era só noite, kanâtisu.
Sanerakisu ficou triste e não sabia o que fazer. Então subiu numa árvore e ficou gritando para ver se alguém ouvia:
-Hu, u, u, u... Foi mudando um pouquinho a voz, virando passarinho, esticando a voz.
Ainda hoje ele fica de bico pra cima esperando o sol nascer.
Só anda e canta á noite [...]. ´€ o pássaro chorão chamado Uhsu,
que significa "bico pra cima". [...]
Kithãulu, Renê.